sexta-feira

60 anos de Yamaha

(Tópico escrito no ano de 2015, por isso os 60 anos já era)

\\\\\\\\\\ 1ª Parte (YA-1) //////////////////////////////////////////////// 

Um dia por volta do ano 1880 e "troca o passo"
um senhor chamado Torakusu Yamaha construiu um órgão
se ele sabia tocar ou compor musica isso eu não sei...
apenas sei que 20 anos depois, era o maior construtor mundial de instrumentos musicais.

Mas aqui neste blog a musica é outra... aqui o nosso "alvo" é as 2 rodas,
e vamos saltar para 1955, o ano em que nasce a Yamaha Motor, pela mão do sr. Genichi Kawakami,

Segundo dizem o Japão vivia dias difíceis, herdados da derrota na 2ª Guerra Mundial,
e como a Yamaha tinha ganho experiência em fundição e etc, no fabrico de "coisas" para a maquina de guerra Japonesa; Genichi deu inicio ao fabrico de motas:
a YA-1 com 125cc a 2 tempos.

Construir uma mota já é por si algo notável,
mas a YA-1 era uma mota cara em relação à concorrência,
era um produto novo e sem histórico, em que se desconhecia a sua qualidade ou falta dela,
...e algo tinha que ser feito para ganhar a atenção do mundo das 2 rodas.

O plano era simples...
falta 1 mês e meio para a grande competição do "Mount Fuji Ascent Race", e claro que essas competições ajudam a mostrar qualidade e outras virtudes de quem pisa o pódio.

a YA-1 iria participar no "Mount Fuji" e ganhar essa competição, porque o futuro da empresa necessitava desse resultado, para silenciar os críticos, e provar que embora a YA-1 embora fosse mais cara que as concorrentes, valia esse custo adicional.

Muita coisa aconteceu nesse mês e meio de preparação,
mas o que fica para a historia desse ano, é que o 1º lugar foi para a Yamaha,

e das 6 motas YA-1 em competição ficaram todas nos 10 primeiros lugares. (1º, 3º, 4º, 6º, 8º, 9º)







Na realidade a Yamaha limitou-se a copiar (ou usar) uma mota alemã conhecida pela RT125 produzida pela "DKW".
A "DKW RT125" foi produzida na Alemanha nos anos 30
e nos anos 50 e inicio dos anos 60 pela IFA e pela MZ.
a denominação "RT" deriva da palavra "Reichstyp" que significa "modelo nacional"

À quem diga que este modelo foi o mais copiado do mundo das 2 rodas,
pois foi o usado pela "MMZ" soviética,
pela "BSA" inglesa com o nome de Batam,
e pelos americanos da Harley-Davison com o nome de Hummer

A "RT 125" estava longe de ser uma maquina que ganhava corridas, mas com a sua fiabilidade mecânica servindo de base nas mãos dos engenheiros japoneses, transformou-se numa maquina imparável para a sua época...
e tudo graças a terem usado um escape que fazia o efeito de "kadenacy",
que aumentava a potencia do motor,
basicamente todos os modelos a 2 tempos viriam a adoptar (copiar) esse principio,
e foi mais ou menos assim que tudo começou...





\\\\\\\\\\ 2ª Parte (YD-1) //////////////////////////////////////////////// 

No ano seguinte a Yamaha lança a sua primeira mota feita de raiz,
250cc a 2 tempos com dois cilindros
e repete a vitorias do ano passado...






Em 1958 a YD vai em busca de outros desafios. O Grande Prémio de Catalina.

Mais recentemente essa prova tem sido patrocinada pela Red Bull, e é uma prova dura,

mas essa dureza não nasceu do patrocínio da Red Bull, porque com o equipamento e tecnologia que existe nos nossos dias, transformou-se numa amostra daquilo que enfrentavam em 1958.


A Equipa da Yamaha não vinha preparada para uma prova deste calibre,
eles não conheciam a dificuldade do terreno que tinham pela frente.

A concorrência era forte e experiente, e todos os grandes construtores estavam pressentes com o que de melhor tinham; a Harley, Zundapp, Maico, NSU, Puch, Velocette e BSA.

A partida não podia ter sido pior, e o piloto da Yamaha (Fumio Ito) caiu no arranque...
em ultimo lugar e cegado pela poeira de quem ia na frente, é caso para dizer que tinha apimentado bem o inicio da corrida...
Fumio Ito atacou com tudo, espremeu bem o motor, e com um ritmo que deixou toda a gente de "boca aberta", no final da 1ª volta estava em 8º lugar...

Mas a "procissão ainda ia no átrio" e quando estava na luta pelos lugares da frente, teve que ir às boxes, e durante a troca de velas, trocam os cabos dos cachimbos...

ou seja a mota, depois da troca de velas não queria trabalhar, e quando descobriram a razão do erro, Fumio Ito estava novamente nos últimos da geral.

Novamente de acelerador a fundo a 5 voltas do fim estava em 10º lugar,

...lutou, e lutou bem... e foi o centro das atenções por parte das 15 mil pessoas que assistiam à prova,
e conseguiu recuperar ficando em 6º lugar.   (Fonte)

Muito mais poderia ser dito,
e os anos 60 foram anos de grande evolução para a Yamaha na competição de estrada usado como base motores de 2 cilindros, onde conquistaram vários títulos mundiais...

Mas também diga-se de passagem, que eu não sou a melhor pessoa para escrever sobre essa historia...
e vamos resumir-se a falar neste post ao que deu origem às trail's monocilíndricas.

  









\\\\\\\\\\ 3ª Parte (DT-1) //////////////////////////////////////////////// 

Em 1967 a Yamaha dá um prototipo duma mota a um piloto amador (futura DT-1).
Esse piloto era o Tadao Suzuki de 22 anos que no fim de semana de folga do seu trabalho, levou a mota para correr em Koriyama.
Sem preparação, treinos e mal conhecendo a mota e muito mesmos a pista, mas com uma paixão e um otimismo do tamanho do mundo, foi lá ver do que era capaz...
Foi a surpresa das surpresas, simplesmente deu uma "ratada" naquela malta toda, onde ganhou isolado e com uma enorme vantagem do 2º.
Era a sua estreia, e alem de ganhar levou ao rubro os 80 mil espectadores nesse dia...






Uma semana depois volta a repetir o feito mas desta vez em Fuji, e por incrível que possa parecer nos dias de hoje, esse prototipo foi dado ao Tadan que a manteve sempre na sua garagem até ao fim da sua vida, e usando-a em varias corridas.



Em 1968 o prototipo ganha vida e dá origem a um novo conceito que iria mudar o motociclismo,
era o inicio do conceito "Trail"
Até esta data para andarmos fora de estrada tínhamos as pesadas Scramberes britânicas,
ou as competição construídas especificamente para off road, por marcas como a Montesa, Greeves e Penton. Mas se umas eram pesadas e estradistas, as outras eram caras e especificas.


A DT-1 deu-nos a conhecer um novo mundo,
era uma maquina barata e acessível, que podia ser usada em competição por amadores ao fim de semana, ou ser usada como uma divertida mota de dia a dia...

A simples ideia de usar um quadro robusto com um motor fiável e duradouro, num conjunto leve (105kg), por incrível que pareça nenhuma marca se tinha lembrado de por em pratica...
simplesmente a DT-1 foi uma golfada de ar fresco no mercado.

A DT1 era uma Maquina fácil de compreender, fácil de conduzir, tinha inovações como o autolube
e para quem a quisesse usa-la em competição havia um kit vendido de fabrica que aumentava em 1/3 a sua potencia.

Acima de tudo era uma Maquina fiável com quem se podia contar sempre.
Se era a melhor mota de off road? ou a melhor mota em on road?
NÃO... não era! apenas combinava da melhor forma o melhor dos dois mundos,
Mas foi uma Maquina que ganhou corridas, e que no final delas podia ir para casa pelas suas rodas.







\\\\\\\\\\ 4ª Parte (YZM-250) //////////////////////////////////////////////// 

Tendo com base uma DT-1 super vitaminada
em 1973 a monocilíndrica chega ao top do mundo,
ou seja ganha o mundial de motocross.

Pela primeira vez na historia do motociclismo uma mota recebe o sistema monocross,
em que perde os dois amortecedores traseiros, para ficar com um único central.

Hoje em dia isso é comum em todas as motas, sejam elas de estrada ou off road,
e todas as grandes marcas viriam a copiar essa inovação.




O amortecedor central (monocross) dava mais curso, estabilidade, conforto e aderência na roda traseira.





\\\\\\\\\\ 5ª Parte (XT500) ////////////////////////////////////////////////

Depois de conquistar a liderança no motocross,
a Yamaha vira-se para as 4 tempos monocilíndricas e lança a TT500 em 1975 e a XT500 em 1976

Era uma mota para terrenos abertos, longas distancias,
e que podia ser usada para ir ao pão e fazer outros recados do dia a dia...
ganhou um grande sucesso nos EUA, pois era a mota indicada para aqueles grandes desertos que por lá existe. Era Robusta com um quadro leve e que aguentava "sem espinhas" a vibração e potencia do grande mono... e não demorou muito a começar a ganhar provas de enduro de norte a sul.

Esquecendo o que aconteceu na América e olhando agora para a Europa,
o sucesso foi igual, e tornou-se uma escolha popular até para viajantes.


O  Jean Claude Oliver (presidente da Yamaha France) , ficou com os olhos a brilhar quando viu a XT pela primeira vez e disse:
- Agora temos a verdadeira mota para a aventura.

Em 1977, Jean Claude e Thierry Sabine (pai do Paris Dakar), participaram no Rali da Costa do Marfim
(percurso de 10 mil quilómetros),

Em 1979 nasce o Paris Dakar,
(também conhecido por "Oasis Rally")

Na primeira edição do Dakar duas XT's500 conquistaram
1º e 2º lugar na geral entre carros e motos, pois não havia categorias separadas, e em 1980 voltaram a repetir a vitoria...




Falar sobre o Paris Dakar, associamos logo à verdadeira aventura pura e dura, singular e sem comparação com o resto...
Actualmente ou dá uns bons anos para cá, o Dakar perdeu essa característica e tornou-se numa verdadeira maquina de promoção de grandes marcas, e actualmente de Dakar só tem o nome.



\\\\\\\\\\ 6ª Parte (XT600) //////////////////////////////////////////////// 

Um dia por volta do ano 1980 e "troca o passo" nasce a XT600,
antes disso já tinha nascido a XT550, embora trouxesse com ela inovações que se mantiveram até 2003, na realidade esse modelo teve um reinado curto.

O motor além de ganhar mais cilindrada, recebe 4 valvulas, dois carburadores, melhores travões, e basicamente melhor em tudo, mas sem perder aquela "mística invisível" que tanta gente apaixonou.

Falamos da XT 600 conhecida pela 43F e da 34L
Sem perder a sua origem Trail, conseguia ser boa em estrada, e podia ser levada para as maratonas, onde ganhou o duro Rali dos Faraós em 1986.





\\\\\\\\\\ 7ª Parte (Alegações Finais) //////////////////////////////////////////

Yamaha XT nasceu para satisfazer e dar rodas ao "gajo comum" como eu...
mas no que toca a leva-las para a competição "pura e dura" talvez isso tenha acabado com o final do fabrico do modelo XT 600 "2KF" em 1990.

A 2KF era habitual vê-las nos Bajas com amadores que davam luz ao seu sonho em participar numa competição com a sua maquina do dia a dia...

E embora não tenha uma "velha" XT500 ou uma Ténéré daquelas que sempre sonhei...
Eu tenho, ou melhor dizendo, faço Equipa com uma XT600E que não fica a dever nada às outras.




Para perceberes ou conheceres melhor a XT600E, clica aqui: XT600E a Eterna Rainha

de resto sobre a Yamaha no geral, vai muito mais além da YD1, DT1, XTs e etc
além das muitas motas, quads, motores fora de bordo que fabrica continua a ser o maior construtor mundial de instrumentos musicais, líder de semicondutores, audiovisual, produtos informáticos, maquinas e ferramentas, robôs industriais, foi o inventor dos gravadores de CD e etc etc;
assim como detentora de marcas como os travões Brembo ou as suspensões Ohlins.

Nunca me considerei um "Yamista" embora reconheça a sua qualidade,
se sou um "XTsista", também depende muito da XT que falarmos...

(Edgar)










8 comentários:

  1. Bela exposição da história da Yamaha !!!
    Mesmo à Vadio !

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  2. Um belo texto para conhecer um pouco da história dessa grande marca a Yamaha, valeu Edgar.

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  3. Excelente Ed....
    Temos de divulgar isto! Sou um "Yamista " quase ferrenho e não conhecia a história da YAMAHA.
    Muito Bom.

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    Respostas
    1. Grande Rui :)
      Bom... a historia da Yamaha vai muito, mas muitooooooooooo mais além disso.
      Foi a primeira marca a usar o pneu mais largo a trás que na frente, e foi ridicularizada por isso, e não demorou 1 ano a que todos copiassem a ideia ;)
      Mais recentemente introduzia os motores de 4 tempos no motocrross e a correrem lado a lado com os de 2 tempos... e anos depois todos fizeram igual.
      Existem varias coisas que foram implementadas e criadas pela Yamaha no mundo do motociclismo...
      ABR (Edgar)

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